segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Base Nacional Comum Curricular

A IMPORTÂNCIA DA PSICOLINGUÍSTICA PARA O ALUNO COM DISLEXIA

A IMPORTÂNCIA DA PSICOLINGUÍSTICA PARA O ALUNO COM DISLEXIA

Luciana Moreira[1]


Resumo:  A psicolinguística é uma ciência que abrange duas áreas: a psicologia e a linguística aplicada. A psicologia, isoladamente é a ciência que estuda o comportamento humano e seus processos mentais. Melhor dizendo, a psicologia estuda o que motiva o comportamento humano – o que o sustenta, o que o finaliza e seus processos mentais, que passam pela sensação, emoção, percepção, aprendizagem, inteligência, ou seja, auxilia no processo reconhecimento e de aceitação do ser humano, ou de um grupo social que, poderia abranger a família ou a escola. A linguística aplicada, também é uma ciência que pode ser definida como a ciência que estuda não só a linguagem, mas a linguagem humana, neste caso, mais especificamente, a língua e suas mais variadas formas de expressão e de comunicação. Para que seja possível a compreensão da linguística ser caracterizada como uma ciência, de fato, é preciso tomar como exemplo o caso da gramática normativa. Uma vez que ela não descreve a língua como realmente se evidencia, mas sim como deve ser materializada pelos falantes, constituída por um conjunto de sinais (as palavras) e por um conjunto de regras, de modo a realizar a combinação desses. Ou seja, em toda língua, seja ela a língua portuguesa, a inglesa o espanhol ou o mandarim haverá a forma culta (língua escrita) e a forma coloquial (língua falada) e, em todos os casos, haverá uma variação linguística bastante diversificada. Há, entretanto, alguns casos em que o indivíduo pode não conseguir assimilar a aquisição de uma delas, ou até mesmo de ambas, ou ainda, a não verbalização de uma delas. Neste caso, a psicolinguística que, nada mais é que a conexão entre a linguagem e a mente. A psicolinguística então tenta explicar alguns distúrbios presentes em algumas pessoas, na aquisição da linguagem oral, bem como encontrar possíveis tratamentos das mesmas. Um dos principais desvios linguísticos da língua portuguesa é a dislexia, que se caracteriza como uma dificuldade que um indivíduo apresenta na leitura e na escrita e que pode afetar também a percepção dos sons da fala. Então, pode-se dizer que uma grande ferramenta para auxiliar o professor, assim como a família do aluno disléxico, através da psicolinguística, é o jogo lúdico e a brincadeira. Ora, pois, a criança que cresce em meio a brincadeiras, terá grande possibilidade de tornar-se uma criança mais feliz e apta à aprendizagem dos signos e da palavra.   
           
Palavras-chave: Psicolinguística; dislexia; variação linguística; aprendizagem.
1 INTRODUÇÃO

O interesse pelo assunto da dislexia surgiu a partir da necessidade de escrever um artigo que envolvesse a psicolinguística. Muitos temas poderiam ser abordados, porém, o desejo de revelar e investigar a dislexia como objeto de estudo surgiu através da falta de informação que população possui sobre a mesma. Se nos dias atuais pouco se sabe sobre essa falha na linguagem, antigamente pouco se falava a respeito. Pois bem, o objetivo principal deste artigo se dá, então, em conscientizar uma camada da sociedade, em especial, os da área da educação e tentar alertá-los para estes distúrbios de aprendizagem. Sim, porque apesar de não se tratar de uma doença clínica, a dislexia tem tratamento, caso diagnóstico for precoce. Fato de suma importância, já que pode ser uma das principais causas da evasão escolar, assim como gerar certa exclusão social.
Logo, este artigo tem como função abordar a psicolinguística como colaboradora no tratamento do aluno com deficiência de aprendizagem, especificamente da dislexia.
A dislexia é uma dificuldade apresentada na leitura e na escrita, mas que também pode afetar a percepção dos sons da fala. É um distúrbio que, a princípio, manifesta-se na fase de alfabetização.
Porém, para que se possa falar da dislexia, propriamente dita, é preciso abordar, primeiramente, o significado de psicolinguística e qual seu papel na aquisição da linguagem oral falada e escrita.  
O papel da escola é de fundamental importância para um tratamento eficaz do aluno com dislexia, bem como estabelecer uma relação de cumplicidade com a família. É necessário que a criança não se sinta excluída por nenhum das partes envolvidas, ao contrário; a cumplicidade e a confiança são peças importantes para o sucesso do tratamento.
Apesar de apontar as causas, os sintomas e alguns possíveis tratamentos para a melhora do aluno com dificuldade de fala e escrita, usando como ferramenta a psicolinguística; este artigo não se aterá em desvendar as raízes do distúrbio e, menos ainda, propor uma cura para tal.  
2                  O QUE É PSICOLINGUÍSTICA?

Apesar de a psicolinguística estar diretamente relacionada à aquisição da linguagem oral falada e escrita, ela é uma ciência que estuda os processos de codificação e decodificação da linguagem, ou seja, a troca de mensagens e significados que são trocados entre locutor e interlocutor, ou seja, estuda os processos de estruturação da língua e suas variáveis.
Embora a psicolinguística, nos últimos tempos, esteja mais voltada à área da psicologia que da linguística, não é possível estudar e diagnosticar casos de falha ou deficiência da linguagem somente com uma ou outra, já que a linguagem não tem somente a função de comunicação, pois este é um fator existente em qualquer animal irracional. A linguagem é muito maior, Costa, (2010, p.4) afirma que,

A linguagem é um sistema de regras, porém um sistema aberto, isso significa que, há maneiras de dizer coisas antigas de novas formas e que para várias ou se não todas as palavras, lhe são conferidas vários sentidos. A linguagem é um sistema de dupla articulação, há uma coarticulação de fonemas segundo leis fonológicas e depois a articulação de leis sintáticas. Sobre essa segunda característica linguística [...] temos a fonologia, que é o estudo do conjunto de sons sem significado e das regras pelas quais combinamos tais sons para formar palavras e sentenças. Outro elemento dentro da fonologia são os fonemas, que se estabelecem a partir da diferença entre sons. [...]

A partir das palavras escritas pelo autor, pode-se perceber que a linguagem abrange muito mais que a comunicação entre dois seres, ela conecta e informa aquilo que o sujeito locutor quer dizer, fazendo que o outro sujeito interlocutor interaja da mesma maneira, recebendo essas informações e processando as ideias fornecidas pelo primeiro.
Bacelar, Ferreira, Garcia e Pastana, (2011) mostram, através da teoria de Piaget, que é possível utilizar a linguagem como principal forma de conexão verbal humana. Elas abordam que “A comunicação é processo evolutivo”. Ora, utilizar a linguagem como instrumento de comunicação, requer muito mais que a participação de dois sujeitos, a linguagem é uma construção contínua de símbolos que se trocam seus papeis a cada troca de comunicação ou interlocução. As autoras garantem que os estudos de Piaget deixam claro que,

[...] o desenvolvimento linguístico depende do desenvolvimento da inteligência. [...] Para o teórico, o desenvolvimento cognitivo que irá possibilitar o nascimento do simbolismo.
A função simbólica irá aparecer num conjunto de atividades essencialmente sensório-motoras e considera estas como condutas de transição ou pré-simbólicas e correspondem ao uso convencional dos objetos, aos esquemas simbólicos e ao esboço de aplicação de ações em outros objetos. Ainda que esteja relacionada aos comportamentos que vão além do domínio sensório-motor, estão voltadas de forma significativa na atividade do infante e não chegam ainda a representar por meio de símbolos propriamente ditos, ou seja, os objetos ou acontecimentos ausentes. Neste período ainda pode-se dizer, de acordo com a concepção piagetiana, que existe uma pré-linguagem.
Em uma determinada etapa do desenvolvimento infantil, observam-se alguns comportamentos que poderiam ser identificados como uma simples brincadeira.

Quando se é fala em linguagem, logo se associa à língua ou à fala, porém, já é notório que linguagem é uma capacidade comum a qualquer animal. Quando o assunto é língua e fala, aí se está referindo a uma capacidade estritamente humana, mas nem por isso, significa afirmar que ambas possuem o mesmo significado. Saussure (1913) opõe língua e fala, afirmando que “A língua seria o conjunto abstrato e socialmente partilhado de signos e de regras combinatórias que permite produzir os atos de fala, e a fala seria cada produção concreta feita por quem usa a língua”.
Então, não há como abordar a linguagem humana, sem buscar apoio na psicologia, pois se sabe que todo indivíduo racional, por natureza, diferencia-se um do outro. Sendo assim, a participação da psicolinguística se faz necessária tanto para a aquisição da linguagem, como para as inter-relações que a criança venha a desenvolver desde muito pequena. E observar possíveis falhas de linguagem neste período é um fator de suma importância, já que a falta do diagnóstico precoce pode comprometer essa capacidade ao longo da vida desta criança.
A psicolinguística está totalmente voltada à psicologia infantil ou ao adulto que possui falha na linguagem. E a participação do professor, em unidade com a família e profissionais da área da psicologia, principalmente nos dias de hoje, vem sendo um fator indispensável nas unidades escolares. É cada vez mais comum, encontrar alunos que possuem deficiências na fala e, por isso, desenvolver certas carências na escrita.
A dislexia é um dos casos mais conhecidos e frequentes, porém ignorado por muitos profissionais pedagógicos e pela família.
3 DISLEXIA 

A dislexia é uma dificuldade que um indivíduo apresenta na leitura e na escrita e que pode afetar também a percepção dos sons da fala. Como já foram relatadas, nos últimos anos, cada vez mais as salas de aula estão apresentando casos de crianças com dificuldade de aprendizagem, sobretudo a dislexia.
Como se sabe, este distúrbio da linguagem oral se manifesta inicialmente durante a fase de alfabetização.  Segundo Morais (1995 apud Blasi 2006, p. 13) “o fracasso no desempenho da leitura se deve à dificuldade apresentada na descoberta do fonema, pois, [...] o fonema representa a peça fundamental para a compreensão da escrita”. Ele ainda diz que a hereditariedade é uma condição para a aprendizagem e que, segundo o autor, “existem vários genes envolvidos nesta condição”.
Em concordância com esta afirmativa, Orton, (1937 apud Snowling & Stackhouse 2004, p. 11) utiliza o termo strefossimbolia como “[...] literalmente, uma distorção de símbolos”, para designar a dislexia. Orton averiguou e pôde constatar que esse distúrbio estava relacionado às deficiências de linguagem e que eram comuns a membros de uma mesma família.
Um órgão internacional, a Classificação Internacional de Doenças (CID) descreve as características e sintomas da dislexia como uma doença, de fato.  Entretanto, o Instituto Brasileiro de Dislexia (IBD) prefere abordá-la como um transtorno de aprendizagem.
Sendo assim, Snowling & Stackhouse (2004, p. 12) mostram que a dislexia pode ser vista através de dois pontos de vista: o da escola e o da medicina. Na primeira, os autores relatam que o termo dislexia deve estar atrelado “às crianças que não conseguem ler, apesar de possuírem uma inteligência adequada, receberem instrução convencional e oportunidades socioculturais”. Já os profissionais da área médica, correlacionam competências cognitivas e realização educacional. Ou seja, nem o profissional da educação e nem o psicólogo pode diagnosticar uma criança, sem conhecimento prévio de suas aptidões pedagógicas, bem como o histórico familiar.
Ainda na visão de Snowling & Stackhouse (2004, p. 33),

A visão leiga da dislexia é de uma pessoa criativa que é boa em muitas coisas, exceto na leitura e na escrita. Entretanto nem todas as crianças disléxicas são assim. As crianças com as quais estamos lidando neste livro são aquelas que têm ou correm o risco de ter, dificuldades de leitura, independentes de seus talentos. [...]

Então, o papel do professor é saber identificar o aluno com essas dificuldades para saber a quem e como recorrer. Novamente, é preciso ressaltar a importância da união entre escola e família.

3.1          A SIGNIFICÂNCIA DO AMBIENTE ESCOLAR PARA A CRIANÇA DISLÉXICA

No ambiente escolar, a criança é apresentada às letras e todas as suas diversidades, logo no início do processo educacional. Os símbolos estão em toda parte.
Para a criança em processo de letramento, é preciso que o professor saiba apresentar esses símbolos a ela e ressaltar a importância que eles têm para a aquisição da fala e da escrita.
Já que, falar é um ato inato e comum aos seres humanos, então, o reconhecimento das letras e a leitura são consequências deste feito. Então, seguindo este pensamento, Coscarelli (1993, p.163) afirma que,

O ato de ler pode ser subdividido em várias partes que podem ser trabalhadas e desenvolvidas separadamente na escola. [...] (...) fazer a ponte entre teoria e prática mostrando como as subpartes da leitura podem ser levadas para a sala de aula. Se a gente pensar sempre na leitura como um todo sem subdivisões, dificilmente conseguiremos ajudar os nossos alunos a desenvolver estratégias de leitura, pois não seremos capazes de identificar onde está o problema de cada aluno. O que parece faltar, então, para os professores é detalhar melhor quais seriam as subdivisões da leitura para que seja possível trabalhar conscientemente cada uma delas.

Partindo deste princípio, ressalta-se a autoridade da psicolinguística na aquisição da leitura, bem como nas dificuldades por ela apresentadas. De acordo com A. Henning (2003, p.35 apud Coscarelli, p. 172) para auxiliar um aluno com dislexia,

o professor deve considerar cinco princípios de aprendizagem: o desenvolvimento de métodos de ensino-aprendizagem, promover uma visão positiva da leitura, minimizar o efeito rotulador do disléxico, usar de recursos variados de leitura e reforçar as competências fundamentais da leitura como a letra, o som e o reconhecimento de palavras.

Logo, iniciativas que estimulem a capacidade mental, bem como visual se tornam fundamentais para que o aluno com dislexia consiga contornar suas dificuldades, rumo ao sucesso. Tais estímulos podem variar de acordo com as necessidades do disléxico. Caberá ao professor identificar tais necessidades e tentar supri-las da maneira mais positiva e eficaz.
Ideias eficazes para a criança com dificuldades de aprendizagem, pode vir através do jogo e da brincadeira. Segundo Amorim, (2008, p. 10),

A criança que brinca desenvolve a sociabilidade, faz amigos e aprende a conviver, respeitando o direito dos outros e as normas estabelecidas pelo grupo. Porque brincando prepara-se para o futuro, experimenta-se o mundo ao seu redor dentro dos limites que a sua condição atual permite.  E, principalmente, porque brincando a criança está nutrindo sua vida interior, descobrindo suas habilidades e buscando um sentido para a vida.

A autora vai além, ela afirma que “Também para o disléxico é fundamental o brincar, pois o brinquedo exerce um simbolismo que o faz refletir e ordenar significados, ampliar vocabulário que é pobre [...] e expressar-se através de gestos, da escrita e verbalmente”. Claro que quando se fala em brincadeira, é preciso ressaltar essas precisam ser planejadas e adaptadas para cada turma. É preciso respeitar os limites, e o da criança com dislexia, precisa ser ainda mais meticulosamente pensada, pois, como se sabe, esta criança possui um ritmo mais lento que as demais.
4 A PSICOLINGUÍSTICA COMO FERRAMENTA FACILITADORA DA DISLEXIA
O enfoque da psicolinguística, ramo interdisciplinar da Psicologia e da Linguística Aplicada considera a leitura como uma habilidade complexa, na qual interfere em uma série de processos linguísticos e de memorização. Acredita-se que o início do processo da aquisição da leitura é o estímulo visual, sendo assim, o final deve ser a decodificação dos signos, bem como a compreensão deles.
A dislexia, segundo Dubois (1993, p.197 apud Martins, 2007), “é um defeito de aprendizagem da leitura caracterizado por dificuldades na correspondência entre símbolos gráficos, às vezes mal reconhecidos, e fonemas, muitas vezes, mal identificados”.
Então, no que se refere à dislexia, pode-se dizer que o portador deste distúrbio discrimina a fonética, assim como o reconhecimento dos signos gráficos. Ou seja, o aluno disléxico possui dificuldade de reconhecer os sons das palavras, por isso apresentará, também uma falha na escrita.    
A dislexia, para a Linguística, então, não é uma doença, mas um fracasso inesperado na aprendizagem da leitura.
O papel da psicolinguística, neste caso, deverá se o de auxiliador da escola, junto com a família para que o caso não se agrave e nem se torne algo permanente, causador de insucessos e, muitas vezes traumas.
Então, para que a psicolinguística se faça presente no tratamento da criança disléxica, Alcântara, (2008, p. 5) considera que,

Os professores podem identificar esses déficits de leitura com atividades que utilizem repetição, trocadilhos, pronúncia de palavras polissílabas e de não-palavras, ou até leitura de palavras isoladas além de palavras em um contexto, analisando os resultados. Vendo as dificuldades, o professor será capaz de perceber quais alunos apresentam leitura irregular.

O que Alcântara que dizer quando usa a palavra repetição, entende-se que exercícios de memorização sejam feitos com todas as crianças. Somente assim é que o professor poderá identificar a dislexia em seu aluno. A partir deste momento, escola e família precisam caminhar na mesma direção, que é aquela que seguirá rumo a sucesso do aluno.
5          CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este artigo procurou expor alguns passos que pudessem facilitar o trabalho do professor e a aprendizagem de alunos em fase de letramento, especificamente com o aluno disléxico. Foi proposto mostrar que é possível ajudar este aluno a compreender e assimilar bem a linguagem, bem como a aquisição das palavras e da leitura das mesmas, desde que haja preparação por parte do educador e união entre escola, família e profissionais da psicologia.
Preparação esta que deve ser previamente planejada, de acordo com os documentos que regem as normas da educação brasileira. Todo professor carece de imaginação e, quando se trata de um aluno com dislexia, essa imaginação tem que ser ainda mais criativa. Por isso, utilizar de recursos visuais como um alfabeto de letras garrafais e coloridas pode ajudar nesse processo. Outro recurso interessante e eficaz se dá através do lúdico, ora, a brincadeira estimula a criatividade da criança e mexe com seu intelecto. Sendo assim, a criança aprende sem perceber que está aprendendo.
Ao longo das linhas que se transcorreram, acredita-se que foi possível compreender que alunos com dificuldades de aprendizagem como a dislexia precisam de um cuidado especial, todavia, não pode ser tratado como doença. O disléxico, como foi levantado, não é doente, por isso não pode ser enxergado como tal. A dislexia é uma falha na compreensão da linguagem oral, mas não comunicativa.
Além do tratamento adequado e do acompanhamento mútuo família-escola, pode-se perceber que a dislexia ainda é muito pouco propagada e, por esse motivo, é reflexo de preconceitos e discriminação por parte da população, em geral. Talvez esse fator não aconteça intencionalmente, mas por falta de conhecimento.
Pois bem, se a escola souber articular informações suficientes, tendo a mídia como aliada, é possível fazer com que as causas da dislexia sejam melhores recebidas pela família do aluno portador, ou até mesmo do adulto não diagnosticado quando criança. Afinal, já se sabe que a dislexia possui raízes hereditárias.
Então, para que se possa fazer o tratamento adequado na criança disléxica, é preciso reconhecer os sintomas o mais cedo possível, logo no início da fase escolar. E é muito importante saber que a dislexia não é permanente, ela apenas, é uma barreira mais extensa na busca pelo reconhecimento do cidadão na sociedade.







REFERÊNCIAS
ALCÂNTARA, Teresinha Rodrigues. Aspectos linguísticos das dificuldades específicas em leitura. Revista do Departamento de Letras Faculdade de Formação de Professores. São Gonçalo, v. 8, n. 15, Jan./ Jun, 2008, p. 81-87.
ALIEIRO Jr, Ari Pedro.  In: Bentes Anna Christina; Mussalim, Fernanda.  Introdução à linguística: domínios e fronteiras. Vol. 2. 8. ed. São Paulo: Cortez, 2012.
AMORIM, Emilla Rafaella. Jogos, brinquedos e brincadeiras no desenvolvimento da criança disléxica. Disponível em < http://www.crda.com.br/tccdoc/17.pdf > Acesso em 05 nov. 2014, às 02h 30 min.
Aquisição da Linguagem: considerações da perspectiva da interação social. Disponível  em: < http://www.scielo.br/pdf/prc/v16n2/a13v16n2 > Acesso em 10 set. 2014, às 10h14min.
BACELAR, Edilene Picanço; FERREIRA, Ângela Brito; GARCIA, Leilian dos Santos; PASTANA, Maria do Socorro Araújo. A teoria piagetiana de aquisição de linguagem. Disponível em: < http://www.recantodasletras.com.br/artigos/3367607 >. Acesso em: 02 nov. 2014, às 21h 22min.
COSCARELLI, Carla Viana. A psicolinguística na sala de aula.  Disponível em: < www.trabalhosfeitos.com/ensaios/a-psicicilinguistica-na-sala-de-aula/56135922.html >. Acesso em 17 set. 2014, às 21h30 min.
COSTA, Jessé. Falando sobre psicolinguística: o que é e como funciona. Disponível em < http://falar-d.blogspot.com.br/2010/10/psicolinguistica-o-que-e-e-como.html >. Acesso em 02 nov. 2014, às 23h00 min.
DALMÔNICO, Vilde Luzia; FERREIRA, Reginaldo José; PEZZI, Marcelo Rodrigo. Guia para apresentação de trabalhos acadêmicos. Joinville: INESA, 2013.
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário escolar da língua portuguesa – Aurélio júnior. 2. ed. Curitiba: Positivo, 2011.
GÓES, Raquel Santos. A música e suas possibilidades no desenvolvimento da criança e do aprimoramento do código da linguística.  Revista do Centro de Educação à Distância – CEAD/UDESC.  Florianópolis,  Vol.  2,  n. 1, Mai./Jun, 2009, p. 27 – 43.
Psicolinguística em psicopedagogia: uma abordagem conceitual. Disponível  em: < www.portaleducação.com.br/psicologia/artigos/49763/psicolinguistica-em-psicopedagogia-uma-abordagem-conceitual. > Acesso em 22 ago. 2014, às 19h50min.
SNOWLING, Maragaret; STACKHOUSE, Joy. Dislexia, fala e linguagem: um manual do profissional. Porto Alegre: Artmed, 2004.



[1] Acadêmica do 4º semestre do curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto de Ensino Superior Santo Antônio – INESA.
CONTAÇÃO DE HISTÓRIA: INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS

                                                                                                                   Tainara Librelato[1]

Resumo 

Neste artigo tem como propósito que o professor reflita sobre sua prática e seus instrumentos que utiliza em sala de aula, consequentemente o aprimoramento da linguagem oral dos seus alunos. Além de ressaltar a importância da contação de história nos anos iniciais, citaremos também como este professor deve contá-las, a entonação na fala, mostrando aos alunos o quanto é prazeroso o mundo da contação de histórias.

Palavras-chaves: Contação de história, leitura, alfabetização, aprendizagem.

1  INTRODUÇÃO

O desenvolvimento da linguagem da criança vai de uma estimulação desde o inicio da gestação, é recomendado para as mães que após alguns meses, ela inicie a interagir com o bebê, conversando, cantando e contando histórias, esta estimulação deve perpetuar no decorrer do crescimento da criança. Observou-se que o âmbito familiar é uma influência importante, pois a criança, convivendo com adultos que tem gosto pela leitura, também adquirem o mesmo.
Com este prazer pela leitura a criança desenvolve além de suas habilidades escritas, como aprimora significativamente sua fala, onde o indivíduo aprende e consegue se expressar melhor, conversar com os colegas, sua dicção é melhor. Com esta estimulação há uma série de fatores que devemos ressaltar se analisarmos não há maléficos nesta ação.
Devemos reforçar que esse incentivo não deve ficar somente em casa, a escola, como um dos principais formadores de caráter e de opinião da criança, deve incentivar e demonstrar o quão é importante. Portanto, fica claro que essa prática, quando bem trabalhada, contribui de forma significativa e produtiva para a construção da aprendizagem das crianças dos anos iniciais.
Sabe-se que quando a criança é estimulada a ouvir histórias, ela encontra facilidade no desenvolvimento da fala, familiarizando-se com os textos, descobrindo o mundo da fantasia e da imaginação. Nos dias em que nos encontramos hoje, no qual a sociedade necessita de mais conhecimento, mas ao mesmo tempo agilidade, criatividade e coerência na fala, destaca-se aquele que tem mais conhecimento, e consequentemente é aquele lê.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1 A RELEVÂNCIA DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DA FALA DO ALUNO

            Que a escola é o principal ambiente de aprendizagem das crianças, isto já sabemos, mas será que nós educadores sabemos aprimorar e desenvolver todas as potencialidades dos nossos alunos?
            Hoje quando falamos em séries inicias, nos remetemos a duas disciplinas e assuntos específicos delas, português e matemática. Em português a escrita e na matemática suas operações, infelizmente acabamos deixando de lado assuntos de grande relevância, tais como a resolução de problemas, que observando, percebemos o grande déficit de interpretação dos alunos do fundamental II e o primordial, a fala.
            Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.38) nos afirmam que:

Não é papel da escola ensinar o aluno a falar: isso é algo que a criança aprende muito antes da idade escolar. Talvez por isso, a escola não tenha tomado para si a tarefa de ensinar quaisquer usos e formas da língua oral. Quando o fez, foi de maneira inadequada: tentou corrigir a fala “errada” dos alunos — por não ser coincidente com a variedade linguística de prestígio social —, com a esperança de evitar que escrevessem errado. Reforçou assim o preconceito contra aqueles que falam diferente da variedade prestigiada.

            Como nos mostra o PCN, o trabalho de linguagem oral está inserido em sala de aula, é trabalhado, mas de forma fragmentada e algumas vezes de forma errônea, não devemos demonstrar preconceito com as variações linguísticas que encontramos em sala de aula, devemos trabalhar com todas elas, e mostrar como é falada a linguagem formal, até porque quando redigimos um texto, independente da região, ele é escrito em uma linguagem formal.
            Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997 p.38) ressalvam que “Eleger a língua oral como conteúdo escolar exige o planejamento da ação pedagógica de forma a garantir, na sala de aula, atividades sistemáticas de fala, escuta e reflexão sobre a língua”.
            Uma prática de linguagem oral em sala é a contação de história, que hoje é pouco utilizada após a educação infantil, neste período da educação infantil, as histórias tem espaço todos os dias na rotina dos alunos, onde a professora conta, após a contação eles conversam sobre a história, assim a professora vai trabalhando a oralidade. Passando para o primeiro ano, esta prática vai desaparecendo até o momento em que não está mais presente.
            De acordo com Cagliari (1989), a prática da leitura não pode ser deixada em segundo plano na sala de aula e na vida, sendo uma atividade em que a professora e a escola dedicam-se apenas poucos minutos, dando maior atenção a dificuldades da escrita. Considera-se isso um descaso pela leitura e suas atividades, pois é lendo que o aluno aprimora e desenvolve sua fala e consequentemente sua escrita.
De acordo com o PCN (1997 p. 40):
O trabalho com linguagem oral deve acontecer no interior de atividades significativas: seminários, dramatização de textos teatrais, simulação de programas de rádio e televisão, de discursos políticos e de outros usos públicos da língua oral. Só em atividades desse tipo é possível dar sentido e função ao trabalho com aspectos como entonação, dicção, gesto e postura que, no caso da linguagem oral, têm papel complementar para conferir sentido aos textos.

            O mundo da literatura é uma fonte na geração de conhecimento, na expansão de percepção do mundo, possibilitando à criança o desenvolvimento pessoal, a imaginação, a criatividade, despertando a curiosidade e o desejo pela leitura de forma prazerosa.
            Um dos maiores benefícios da contação de história sendo ela contada pela professora ou lida pelo próprio aluno, é a fala. Este é um tema que causa certa repulsa dos alunos, pois muitos deles têm receio de falar em publico, apresentar trabalhos, etc.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997 p.38) afirmam que,

Expressar-se oralmente é algo que requer confiança em si mesmo. Isso se conquista em ambientes favoráveis à manifestação do que se pensa, do que se sente, do que se é. Assim, o desenvolvimento da capacidade de expressão oral do aluno depende consideravelmente de a escola constituir-se num ambiente que respeite e acolha a vez e a voz, a diferença e a diversidade. Mas, sobretudo, depende de a escola ensinar-lhe os usos da língua adequados a diferentes situações comunicativas. De nada adianta aceitar o aluno como ele é, mas não lhe oferecer instrumentos para enfrentar situações em que não será aceito se reproduzir as formas de expressão próprias de sua comunidade. É preciso, portanto, ensinar-lhe a utilizar adequadamente a linguagem em instâncias públicas, a fazer uso da língua oral de forma cada vez mais competente.

É importante que o professor dê espaço em sala de aula, para que os alunos possam se expressar, falar suas ideias, compartilhar suas vivências, assim o aluno compreenderá que também tem voz e vez em sala.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais (1997 p.39) nos mostra que:

Não basta deixar que as crianças falem; apenas o falar cotidiano e a exposição ao falar alheio não garantem a aprendizagem necessária. É preciso que as atividades de uso e as de reflexão sobre a língua oral estejam contextualizadas em projetos de estudo, quer sejam da área de Língua Portuguesa, quer sejam das demais áreas do conhecimento. A linguagem tem um importante papel no processo de ensino, pois atravessa todas as áreas do conhecimento, mas o contrário também vale: as atividades relacionadas às diferentes áreas são, por sua vez, fundamentais para a realização de aprendizagens de natureza linguística.
            É papel do professor criar situações para que seus alunos aprimorem e desenvolvam sua fala.

2.2 CONTEXTO HISTÓRICO DAS HISTÓRIAS

            As crianças, há alguns séculos, atrás eram considerados mini adultos, participavam de festas, decisões políticas e até se vestiam como adultos, não tinham o momento de brincar, de ouvir histórias como temos hoje. Após as reorganizações dos grupos familiares, a criança começou a ser valorizada e vista como tal.
 “Começa a ser considerado um ser diferente do adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria diferenciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a preparasse para a vida adulta”. (CUNHA, 1991, p.22)
Como consequência destas inúmeras mudanças, a mãe que antes ficava em casa, teve necessidade de ir trabalhar fora e não tinha onde deixar os filhos, aqui surgiram os jardins de infância, inicialmente era só um lugar onde as mães deixavam seus filhos para irem trabalhar, após alguns anos concretizou-se o real objetivo dos jardins de infância, a aprendizagem, o desenvolvimento, a interação social, o lúdico, etc.
Corroborando ( MATTOS, 2009, p.15) ,

A literatura infantil foi se tornando universal ao mesmo tempo em que foram surgindo vários representantes que assumiram a escrita infantil e propuseram diferentes obras. Entre eles os autores mais importantes, podemos citar: Andersen, Carlo Colodi, Amicis, Lewis Carroll, J.M.Barrie, Marki Twain, Charles Dickens, Ferenc Molnar. Estes autores difundiram uma divulgação da literatura infantil por muitos países e o Brasil não se eximiu desta nova realidade. No Brasil, não sendo diferente, teve a literatura infantil voltado a obras pedagógicas, sendo estas adaptações de produções portuguesas. Neste país a verdadeira literatura infantil brasileira foi representada por Monteiro Lobato que introduziu uma essência que a literatura infantil precisava em seu surgimento.

            Analisando, percebemos que as histórias já estão inseridas em nosso meio desde muito tempo, só hoje ela tem o seu real significado, e não somente a contação para aprender a ler, mas sim também aprender a falar.
2.3 PORQUE CONTAR HISTÓRIAS PARA CRIANÇAS?
            No momento histórico onde nos encontramos hoje, a maioria das crianças não brincam mais nas ruas, não tomam mais banhos de chuvas, não tem mais o lúdico na vivência do seu dia a dia, por isso a extrema necessidade da contação de história na rotina das crianças.

            De acordo com PINTO, Fernanda Chequer de A. (2015):

A história tem também a função social, e a contextualização do indivíduo no seu tempo e ambiente, com os valores do seu agrupamento, tendo como base a evolução dos espaços, indivíduos e da sociedade. A criança que ouve histórias, comprovadamente se tornará um adulto mais criativo, flexível e melhor preparado emocionalmente, despertando processos internos de compreensão e adaptação.  Além disso, quem lê para uma criança não lhe transmite apenas o conteúdo da história, promovendo seu encontro com a leitura, possibilita-lhe adquirir um modelo de leitor e desenvolve nela o prazer de ler e o sentido de valor pelo livro.

            A literatura infantil dialoga com todas as áreas que oportunizam aprendizado: artes, valores, educação, imaginação, criatividade, escuta, contato com as palavras, compreensão, interpretações, e a fala que ganha uma entonação diferente quando é lido um poema ou uma narrativa, e a aprimoração dela mesma.
Refere MATEUS, Ana do Nascimento Biluca  et al., (S/D p. 55)

De acordo com vários estudiosos, a contação de histórias é um precioso auxílio à prática pedagógica de professores na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A contação de história instiga a imaginação, a criatividade, a oralidade, incentiva o gosto pela leitura, contribui na formação da personalidade da criança envolvendo o social e o afetivo.
            Como vimos, a contação de história é um instrumento de aprendizagem onde o lúdico está presente em todo processo, tornando a aprendizagem muito mais significativa.
            Resgatando os princípios de MATEUS, Ana do Nascimento Biluca  et al., (S/D p. 56)
Por isso, contar histórias é saber criar um ambiente de encantamento, suspense, surpresa e emoção, no qual o enredo e os personagens ganham vida, transformando tanto o narrador como o ouvinte. O ato de contar histórias deve impregnar todos os sentidos, tocando o coração e enriquecendo a leitura de mundo na trajetória de cada um.

O momento da contação de história na educação infantil é um dos mais esperados, e nas series iniciais mais ainda, pois é algo que não ocorre no dia a dia. Como já citado acima a contação de história traz inúmeros benéficos na aprendizagem do aluno, assim necessitando de uma organização e preparação do professor (mediador).

3. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Sabe-se que a linguagem oral é algo que adquirimos antes mesmo de irmos à escola, mas isto não nos diz que não há necessidade de trabalha-la em sala.  Há diversas formas de se trabalhar a linguagem oral em sala de aula de forma lúdica e diferenciada. A contação de história, por exemplo, é algo que pode ser trabalhado todos os dias, alguns dias somente a contação, outro dia uma conversação sobre a mesma, seminários, etc.
A fala da criança é reflexo dos estímulos da família e da escola, pois é papel da escola fazer com que a criança consiga se expressar oralmente e falar de forma clara e objetiva, pois também não basta apenas impressionar com palavras, o aluno tem que ter clareza e coerência em sua fala. O incentivo à participação em debates em sala, apresentações de trabalhos de forma menos “engessada”, mais descontraída.
Por fim, conclua-se que a escola necessita de uma pedagogia oral. É necessário que os professores excitem a oralidade de seus alunos. Este exercício contribuirá para futuros cidadãos de voz ativa e com a capacidade de expressar-se.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BRASIL, Parâmetros curriculares nacionais: Lingua Portuguesa/Secretaria da educação fundamental. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.
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CAMPOS, Maria Inês Batista.  Ensinar o prazer de ler. São Paulo: Olho d’ Água, 1999.
COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise, didática. São Paulo: Moderna, 2000.
CUNHA, Maria Antonieta Antunes. Literatura Infantil: Teoria e Prática. 12 ed. São Paulo. Ática, 1991.
DALMÔNICO, Vilde Luiza; FERREIRA, Reginaldo José; PEZZI, Marcelo Rodrigo. Guia acadêmico, versão 2013. INESA. Joinville-SC.
DIONÍSIO, Ângela Paiva. Análise da conversação. In: BENTES, Anna C. & MUSSALIM, Fernanda. Introdução à lingüística domínios e fronteiras 2. 8 ed. São Paulo: Cortez, 2012.
DOHME, Vania D’Angelo. Técnicas de contar histórias: um guia para desenvolver as suas hablidades e obter sucesso na apresentação de uma história. Rio de Janeiro: Vozes, 2010.
LAJOLO, Marisa; ZILBERMAN, Regina. Literatura infantil brasileira: histórias e histórias. São Paulo: Ática, 2007.
MAGALHÃES, Tânia G. Artigo. Por uma pedagogia oral. Artigo publicado no Colégio de aplicação UFJF. Londrina, 2008. Disponível em: <http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/signum/article/view/3053/4671> Acesso em: 09 abr. 2013.
MATEUS, Ana do Nascimento Biluca. A IMPORTÂNCIA DA CONTAÇÃO DE HISTÓRIA COMO PRÁTICA EDUCATIVA NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Minas Gerais: PUC, S/D.

MATTOS , Bruna daniella souza. A LITERATURA INFANTIL CONTEMPORÂNEA E A CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS. Londrina:Universidade federal de Londrina,  2009.
OSIAS, Juliane P. de Araújo. Os gêneros orais como objeto de ensino. Revista eletrônica Temática. Local: editora, 2010. Peridiocidade. Disponível em: <http://www.insite.pro.br/2010.html>. Acesso em: 05 fev. 2013.
PATRINI, Maria de Lourdes. A renovação do conto: emergência de uma prática oral. São Paulo: Cortez, 2005.

PINTO, Fernanda Chequer de A..A importância de contar histórias. Disponível em: < http://www.projetoamplitude.org/com-a-palavra-amplitude/a-importancia-de-contar-historias/> Acesso em 26 de Outubro de 2015.

 RATIER, Rodrigo, VERLI, Lorena. Oralidade: a fala que se ensina. Revista nova escola.  Disponível em: <http://revistaescola.abril.com.br/lingua-portuguesa/pratica-pedagogica/fala-se-ensina-423559.shtml>. Acesso em: 21 mai. 2013.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo: Contexto, 2013.




[1] Acadêmica do 6º período do curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto de Ensino Superior Santo Antonio – INESA.

A PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM

A PSICOMOTRICIDADE NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Maiara Costa[1]
RESUMO
Quando pensamos no processo de alfabetização,nos remetemos à aprendizagem da leitura e da escrita, que já se encontra internalizado neste processo, mas acabamos esquecendo, ou muitas vezes não paramos para analisar este processo com um olhar mais atento e focado no desenvolvimento da criança. O domínio da leitura e da escrita requer todo um preparo na criança quando pequena, para que então sejam desenvolvidas tais potencialidades, que levam esta a ser alfabetizada de fato. Essas potencialidades estão associadas ao desenvolvimento psicomotor da criança, que por sua vez destaca-se a psicomotricidade, sendo a ciência que faz seus estudos a cerca do ser humano, valorizando o seu corpo através do movimento. Então, torna-se propício alfabetizar entre os seis e sete anos de vida, aonde a criança já tem se desenvolvido corporalmente a base necessária para receber este aprendizado, ressaltando que este processo varia de criança para criança, pois é muito relativo à maturação do seu corpo, ritmo e o quanto ela é estimulada para desempenhar tal habilidade. Considerando os aspectos de que a aprendizagem da escrita é um meio que o ser humano utiliza, considerada fundamental para socializar-se com os outros indivíduos. Uma criança da educação infantil, que não foi desenvolvida corporalmente através da educação psicomotora para ser alfabetizada, pode apresentar diversas dificuldades nesse processo. Por isso se faz importante a figura do professor como mediador desta aprendizagem. A corporal, na educação infantil, desenvolvendo potencialidades como, equilíbrio, lateralidade, coordenação motora, espacial entre outras, ea mental na pré-escola, demonstrando a apropriação do que foi estimulado pelos professores na educação infantil, quando criança. Portanto alfabetizar é um ciclo, aonde cada professor faz seu intermédio com a criança de acordo com suas fases de desenvolvimento e a criança fazendo parte deste processo, se faz necessário que participe ativamente das situações de interações, e não fique apenas como um figurante, mas que ele possa seguir adiante levando em sua bagagem tudo o que lhe foi aprendido através dos ensinamentos desses professores.
Palavras-chave: Psicomotricidade; Alfabetização; Escrita; Aprendizagem.

1 INTRODUÇÃO

            O conceito de alfabetização está associadoà leitura e a escrita, que por sua vez, tem sido enfoque de diferentes profissionais, que buscam privilegiar o processo de aquisição deste termo.
            Observa-se hoje que muitos alunos que ingressam no Ensino Fundamental apresentam algum tipo de dificuldade (ou distúrbios) no processo de alfabetização, podendo ser relativo ao seu processo de desenvolvimento psicomotor. Considerando que a preparação psicomotora para a aprendizagem da escrita, pode acontecer na Educação Infantil, onde o aluno encontra-se mais “disposto” a explorar o mundo que o cerca.
            Nós seres humanos, viemos de uma geração, aonde se aprende muito fácil, mas deve-se levar em consideração que para o processo de alfabetização, principalmente, a aquisição da escrita requer muita concentração e exige muito mais esforço das crianças que possuem dificuldades, pois a força de vontade precisa ser em dobro, para que seja desenvolvido o seu corpo (físico) e seu sistema neuronal, adquirindo assim a aprendizagem.
            Considerando o percurso que a escrita passou, podemos observar a estreita relação que tem a psicomotricidade com a aquisição da escrita, pois este processo está associado ao desenvolvimento da criança e aqui se faz presente a figura do professor como mediador deste processo.
            No entanto faz-se necessário que o profissional da educação dê a importância devida ao processo de desenvolvimento humano, para que possamos não ser surpreendidos por uma educação deficitária como muito tem sido os casos das escolas de hoje em dia.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
           
            Este artigo acadêmico tem por finalidade trazer à tona uma reflexão ao professor sobre suas condutas em sala de aula, o seu olhar para a criança, considerando este como um todo e suas expectativas como mediador do ensino da escrita com base nos processos psicomotores.

2.1 PSICOMOTRICIDADE: SUAS CONTRIBUIÇÕES PARA O PROCESSO DE ALFABETIZAÇÃO
            O ser humano se expressa e se comunica através do seu corpo e como desde a antiguidade o corpo humano sempre foi valorizado, a neurofisiologia veio a se desenvolver e a partir de estudos feitos nessa área, ficou constatado que muitas pessoas apresentavam lesões na área do cérebro ou que possivelmente não poderiam ser diagnosticados a anormalidade ou, os débeis. 
Surge então, a psicomotricidade que contempla todo o esquema corporal do indivíduo, de forma que este possa ser explorado pela prática de movimentos. Ela tem origem grega psyque, que significa alma e no verbo latino moto que significa mover frequentemente, agir fortemente. 
A psicomotricidade teve contribuições de grandes profissionais de áreas distintas, surgem aqui várias reflexões a cerca deste termo. Ela consiste em perceber o ser humano a partir de seu conjunto de movimentos, ou seja, envolve toda a ação que é realizada pelo indivíduo, quando falamos de uma pessoa devemos observar esta como um todo, principalmente a contemplar o seu corpo, pois é através dele que esta se expressa e se desenvolve.
No entanto, o corpo em movimento faz com que o ser humano esteja constantemente em mudanças, estas podendo ser motoras, afetivas e intelectuais, pois são através de mudanças nestas áreas que o indivíduo vai ativar as suas potencialidades psíquicas para trabalhar corporalmente cada aspecto citado, ou seja, quando o ser humano nasce, segundo a neurofisiologia, ele não nasce pronto, ele nasce com potencialidades que tendem a se desenvolver e a partir do desenvolvimento e estímulos que se consolidam, estes criam bases para que um novo movimento ative alguma função psíquica que dê-lhe a oportunidade de desenvolver uma nova potencialidade. 
E uma das potencialidades a se desenvolver é o movimento de pinça, que tem grande marco no processo de alfabetização. Com a maturação do Sistema Nervoso Central (SNC), o bebê passa de ter reflexos e começa a ter reações intencionais, aonde o ato de preensão é substituído pelo movimento de pinça, ou seja, com repetições de certos movimentos ele vai aprimorando os gestos e conseguindo alcançar o seu objetivo final.
Assim, criando “base” dos movimentos, na primeira infância a criança ao ingressar no Ensino Fundamental já possui boa coordenação de suas mãos para desempenhar a escrita e ser alfabetizado, pois como afirma Tavares (2007, p. 21)

A escrita é constituída de uma atividade psicomotora extremamente complexa, na qual participam os aspectos da maturação do sistema nervoso, expressado pelo conjunto de atividades motoras; pelo desenvolvimento psicomotor geral, especialmente no que se refere à tonicidade e coordenação dos movimentos e pelo desenvolvimento da motricidade fina, ao nível dos dedos da mão.
Ou seja, a criança, para iniciar o processo da escrita, precisará reformular a sua linguagem falada para que então possa desempenhar a linguagem escrita. “O aprendizado da escrita [...], requer que a criança [...] tenha desenvolvido sua afetividade” (TAVARES, 2007, p. 21). Pois “o domínio da língua, [...] escrita, é fundamental para a participação social e efetiva, pois é por meio dela que o homem se comunica, tem acesso à informação [...] e produz conhecimento” (BRASIL 1997, p. 15).
Vejamos que todo esse processo de aprendizagem implica em diferentes aspectos tantos afetivos, quanto cognitivos, na vida de uma criança. Todos considerados importantes para que a criança se desenvolva de forma saudável e acompanhe a etapado seu processo de desenvolvimento. E sinalizamos aqui, a importância da psicomotricidade em relação ao processo de aprendizagem, já que ambas se encontram intimamente ligadas.
Valendo-se de várias hipóteses, Tavares (2007, p. 25) constata que,
Durante o processo de aprendizagem, os elementos básicos da psicomotricidade são utilizados com frequência. O desenvolvimento do Esquema Corporal, Lateralidade, Estruturação Espacial, Orientação Temporal e Pré-Escrita são fundamentais na aprendizagem; um problema em um destes elementos irá prejudicar uma boa aprendizagem.

Portanto todo o desenvolvimento citado acima contempla o processo para a aquisição da escrita e se acontecer algum tipo de problema em qualquer elemento destes poderá, a criança, ter problemas graves na escrita, na leitura, entre outras, pois seu desenvolvimento psicomotor, provavelmente, foi mal constituído, por isso que se faz necessário ter desenvolvido lá na educação infantil as bases psicomotoras, como audição, manuseio de brinquedos, brincadeiras lúdicas entre outras, para que isto não venha surpreender mais tarde.
No entanto percebemos a estreita relação entre a aprendizagem da escrita, a psicomotricidade e o professor como mediador e executor de funções de todo este processo, que se estende por um elo de profissionalismo na rede da educação escolar.
2.2 A APRENDIZAGEM DA ESCRITA
            Desde os tempos mais antigos a escrita já era um marco da evolução histórica da humanidade. Antigamente os homens se comunicavam através de desenhos nas paredes de suas cavernas, no chão, através de garatujas, entre outras, assim começou a ser evidenciada a escrita, sendo um dos meios de comunicação utilizada naquela época.
Com a evolução da espécie humana, o homem começou a deixar suas marcas através da escrita, aonde começa a ter a história de fato, pois ela começa existir a partir do momento em que o homem começa a escrever, pois são através das marcas deixadas no passado que conseguimos descobrir nossas origens e conhecer o nosso antepassado.
A história da escrita perpassa por um longo caminho até se constituir-se como hoje é, valendo-se de regras, habilidades específicas, entre outras características que marcam este termo. Aprender a ler e escrever requer muito da criança envolvida neste processo, é preciso que a mesma, segundo Alves (2005), consiga estabelecer relação entre o código escrito e o falado.
Por isso que não tem como falar sem escrita sem se remeter a leitura, pois para a aquisição de aprendizagem delas, torna-se semelhante a um jogo, dispondo de regras, combinações, treino enfim, uma série de semelhanças entre ambas, que nos remetem ao processo de aprendizagem.
            Como afirma Garcia (2008, p. 3) “O aprendizado da linguagem escrita representa um novo e considerável salto no desenvolvimento da pessoa”. Pois o que antecede a escrita, é a leitura e ainda antes disto, é a aquisição da fala e para possuir este domínio do sistema de códigos, faz com que a criança aumente a sua capacidade de memória para então efetuar os registros de suas informações. Ou seja, “Na escrita, se estabelece uma relação entre audição (palavra falada), o significado (vivencia da escrita) e a palavra escrita” (ALVES 2005, p. 107).
            Pois como afirma Alves (2005, p. 96), “O ser humano apresenta três sistemas verbais: auditivo (palavra falada), visual (palavra lida) e escrita. O primeiro que ele adquiriu foi o auditivo, porque é mais fácil de aprender e também o que exige menos maturidade psiconeurológica”.
            Sendo esta aprendizagem adquirida na educação infantil, pois este é o meio mais utilizado para se comunicar com as crianças e transmitir situações que eles participam ativamente deste processo.
            Ainda neste contexto Alves (2005, p. 100) afirma que “A leitura é um processo de compreensão abrangente que envolve aspectos sensoriais, emocionais, intelectuais, fisiológicos, neurológicos, bem como culturais, econômicos e políticos”.
            A criança, no seu dia a dia, presencia muito a escrita por diversas partes do seu mundo. A escrita está contida em outdoors, na televisão, enfim espalhados por todos os lugares que ela passa, a fim de comunicar alguma coisa. E ela inserida neste contexto, está cada vez mais exposta a este aprendizado.
            A inserção da criança no ambiente social proporciona, desde a educação infantil através da linguagem oral e gestual (sendo estas mais usadas), que ela se aproprie deste meio de comunicação para se socializar com os demais. E como as crianças, são seres, que aprendem muito fácil, não devemos nos esquecer de levar em consideração que o processo da escrita requer muita concentração, o mental.
            Portanto ter cuidado com o ensino da escrita requer que o professor também avalie a sua conduta em sala de aula para que possa surtir efeito no aluno, pois o aprendizado da escrita inicia no aluno através do professor e este deve se basear nas condições de aquisição e potencialidades que os alunos possuem para receber tal aprendizado.

2.3 OS PROBLEMAS DE APRENDIZAGEM DA ESCRITA

            Os problemas de aprendizagem da escrita são decorrentes de alguma dificuldade no seu processo de desenvolvimento e podem ter diversos efeitos, assim Alves (2005, p. 98) afirma que esses problemas podem ser atribuídos por causas de várias origens, sendo elas:
Orgânicas: cardiopatias, encefalopatias, deficiências sensoriais (visuais e auditivas), deficiências motoras (paralisia infantil, paralisia cerebral etc.), deficiências intelectuais (retardo mental ou diminuição intelectual), disfunção cerebral e outras enfermidades de longa duração; Psicológicas: desajustes emocionais provocados pela dificuldade que a criança tem de aprender, o que gera ansiedade, insegurança e autoconceito negativo; Pedagógicas: métodos inadequados de ensino, falta de percepção, por parte da escola do nível de maturidade da criança, iniciando uma alfabetização precoce, relacionamento professor-aluno deficiente, não domínio do conteúdo e do método por parte do professor, atendimento precário das crianças devido à superlotação das classes; Socioculturais: falta de estimulação (criança que não faz a pré-escola e também não é estimulada no lar); Dislexia: um tipo de distúrbio de leitura que colocamos como causa, porque provoca dificuldades específicas na aprendizagem da identificação dos símbolos gráficos, embora a criança apresente inteligência normal, integridade sensorial e receba estimulação e ensino adequados.
            As diversas causas mencionadas são decorrentes de problemas de aprendizagem que, provavelmente se manifestou no processo de aquisição da escrita, e por não ser “tratada” com recursos que poderiam auxiliar nesse processo, ocorreu determinado problema.
            Esta dificuldade é apresentada por Fonseca (1995) como disgrafia e disortografia. Que para Alves (2005, p. 109) o primeiro referindo-se a:
[...] a dificuldade de coordenar movimentos dos símbolos gráficos, é uma dispraxia da escrita. Caracteriza-se pelo lento traçado das letras, que em geral são ilegíveis. A criança disgráfica apresenta déficit motor, visual, podendo apresentar comprometimentos cognitivos, emocional e neurológico. Não consegue idealizar no plano motor o que captou no plano visual.
            A disgrafia, no entanto, é representada pelas dificuldades de escrita que se referem à grafia, segundo Alves (2005), existem vários níveis de disgrafia, podendo ser desde a incapacidade de segurar um lápis ou até mesmo de traçar uma linha.
            Valendo-se de várias hipóteses, Alves (2005, p. 109) constata que,
As criançasdisgráficas mais velhas conseguem reproduzir legivelmente uma palavra, mas distorcem a sequência dos movimentos quando escrevem. Os principais tipos de erro da criança disgráficas são:
- apresentação desordenada do texto;
- margens malfeitas ou inexistentes, a criança ultrapassa ou para muito antes da margem, não respeita limites;
- espaço irregular entre as palavras, linhas e entrelinhas;
- traçado de tamanho pequeno ou grande, pressão leve ou forte, letras irregulares e retocadas, rasuras;
- distorção da forma das letras;
- movimentos contrários ao da escrita convencional, inversões;
- irregularidade no espaçamento das letras na palavra; mau uso do espaço gráfico;
- direção da escrita oscilando para cima ou para baixo; traçado incoordenado;
- separação inadequada das letras;
- dificuldade na escrita e no alinhamento dos números na página;
- desorientação espacial;
- dificuldade de copiar do quadro para o caderno (plano vertical para o horizontal);
- lentidão exagerada na escrita ou para executar tarefas.

            Já a disortografia refere-se a uma dificuldade na escrita relacionada aos processos de ortografia e que ocorre apenas quando a escrita envolvem alguns fatores que antecedem o ato de escrever, consiste numa escrita com numerosos erros e que se manifesta logo após ser adquirido o mecanismo da leitura e da escrita (LEÃO, 2004).
            Assim, Alves (2005, p. 110) afirma que a “Disortagrafia: É a incapacidade de escrever corretamente a linguagem oral, havendo trocas ortográficas e confusão de letras. Podendo implicar na diminuição da qualidade do traçado das letras”.
            A disortografia também possui seus principais tipos de erro que a criança com este tipo de problema de aprendizagem costuma apresentar, que segundo Alves (2005, p. 110) são:
- Confusão de letras (trocas aiditivas);
- Consoantes surdas por sonoras: f/v; p/b; ch/j;
- Vogais nasais por orais: na/a; em/e; in/i; on/o; um/u;
- Confusão de sílabas com tonicidade semelhante: cantarão/ cantaram;
- Confusão de letras (trocas visuais): simétricas – b/d; p/q
- Semelhantes – e/a; b/h; f/t;
- Confusão de palavras com configurações semelhantes: pato/pelo;
- Uso de palavras com um mesmo som para várias letras: casa/caza; asar/azar; exame/exame (som de z).
           
            Além destes problemas existe uma série de outras dificuldades que uma criança pode apresentar em seu processo de alfabetização. Podendo esses erros ser constantes e progressivamente ao decorrer da vida da criança, afetando em seu desempenho escolar, e varia de criança para criança e do seu estágio de distúrbio da escrita.
            Em Fonseca (1995) encontramos os termos disgrafia relacionado a um problema de execução e disortografia sendo destacado como um problema de formulação, sendo ambos os distúrbios específicos da linguagem escrita.
            Então observa-se que os problemas de aprendizagem, não somente da escrita mas também da leitura, podem se manifestar na criança através de alguma dificuldade ou até mesmo no processo de aquisição desta, que pode ser revertida como uma “aprendizagem de sucesso” através dos instrumentos e formas que o professor utilizará diante de cada situação, que se torna singular por ser crianças diferentes.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
            As reflexões aqui representadas são voltadas indiretamente ao trabalho do professor, pois quem faz as abordagens com o aluno é ele e quem intervém e dá assistência ao aluno com dificuldade, em primeiro lugar é o professor, pois muitas vezes é na sala de aula que aparecem os problemas, e o professor dotado de seus conhecimentos, encaminha o mesmo para especialistas, ou “trata” em sala o que está sob seu domínio.
            E deve-se ressaltar o papel do professor referente à psicomotricidade, pois ao além de ensinar o aluno, ou transmitir conhecimentos, ele deve ajudar o aluno, assumindo o papel de facilitador, ou seja, ele deve estimular a criança de diversas formas possibilitando que a mesma crie bases necessárias para ser alfabetizada. Vejamos que aqui essas funções se dividem em dois períodos, em educação infantil e pré-escola, pois quando falamos de bases necessárias para a aquisição da linguagem escrita, remetemo-nos a educação infantil, por ser esse o período propício para desenvolver a maioria das habilidades, devido à idade das crianças e a sua motivação consequente a sua curiosidade de explorar o mundo. E depois a pré-escola, por ser o período em que a criança, a partir de suas potencialidades pré-desenvolvidas começam a ser alfabetizadas e letradas.
            A escrita perpassa por uma longa história, onde podemos observar que ela vem se constituindo de longos anos atrás e é um dos meios de comunicação primordial na sociedade. Os avanços que a escrita teve desde a pré-história foram muito significativos para que hoje ela pudesse chegar a esse nível e ter se constituído como tal. É através dela que podemos conhecer a história da humanidade, pois como citado anteriormente, só há história porque há escrita.
            Portanto, fazendo uma análise geral do que até aqui foi estudado, percebemos que a escola precisa abrir espaços dentro dela, para que se possa fazer uma análise do processo de aquisição da linguagem escrita, tirando de foco o “como ensinar” e inserindo o “como ocorre a aprendizagem do aluno”, considerando que cada um possui as suas particularidades, estas sendo individuais de cada um. E pensar na sua própria formação acadêmica como um professor alfabetizador, partindo do ensino para com as crianças e suas reflexões a partir da alfabetização. Considerando os saberes desta prática, e a diferença que faz, no âmbito escolar, um professor que faz a diferença ou pelo menos pensa em ser um professor reflexivo.
REFERÊNCIAS

ALVES, Fátima. Psicomotricidade: corpo, ação e emoção. 2. Ed. Rio de Janeiro: Wak, 2005.
BRASIL. Parâmetros curriculares nacionais: Língua Portuguesa. Secretaria da Educação Fundamental. 2. Ed. Rio de Janeiro: DP&A, 2002.
DALMÔNICO, VildeLuiza;FERREIRA, Reginaldo José; PEZZI, Marcelo Rodrigo.Guia acadêmico, versão 2013.INESA.Joinville-SC.
FONSECA, Vitor. Introdução às dificuldades de aprendizagem.s/ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.
GARCIA, Kátia et al.O processo de aquisição da linguagem escrita: estudos de A.R Lúria e L.S Vygotsky. 2008. 6f. Artigo (Licenciatura em Pedagogia) – Faculdades Integradas do Vale do Ribeira – SCELISUL, São Paulo.
JAKUBOVICZ, Regina. Avaliação em Voz, Fala e Linguagem. Rio de Janeiro: Revinter, 2004.
LEÃO, Fabiana Cunha. Avaliação dos Distúrbios de Aprendizagem. In: TAVARES, Micheline de Lima. A psicomotricidade no processo de aprendizagem. 2007. 43f. Monografia (mestrado em psicomotricidade) – Universidade Cândido Mendes, Rio de Janeiro.



[1]              Acadêmica do 6º período do curso de Licenciatura em Pedagogia da Instituição de Ensino Superior Santo Antônio-Inesa de 2015/2.