CONTAÇÃO
DE HISTÓRIA: INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM NOS ANOS INICIAIS
Tainara
Librelato[1]
Resumo
Neste artigo tem como propósito que o
professor reflita sobre sua prática e seus instrumentos que utiliza em sala de
aula, consequentemente o aprimoramento da linguagem oral dos seus alunos. Além
de ressaltar a importância da contação de história nos anos iniciais, citaremos
também como este professor deve contá-las, a entonação na fala, mostrando aos
alunos o quanto é prazeroso o mundo da contação de histórias.
Palavras-chaves:
Contação
de história, leitura, alfabetização, aprendizagem.
1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento da
linguagem da criança vai de uma estimulação desde o inicio da gestação, é
recomendado para as mães que após alguns meses, ela inicie a interagir com o
bebê, conversando, cantando e contando histórias, esta estimulação deve
perpetuar no decorrer do crescimento da criança. Observou-se que o âmbito
familiar é uma influência importante, pois a criança, convivendo com adultos
que tem gosto pela leitura, também adquirem o mesmo.
Com este prazer pela leitura
a criança desenvolve além de suas habilidades escritas, como aprimora
significativamente sua fala, onde o indivíduo aprende e consegue se expressar
melhor, conversar com os colegas, sua dicção é melhor. Com esta estimulação há
uma série de fatores que devemos ressaltar se analisarmos não há maléficos
nesta ação.
Devemos reforçar que esse
incentivo não deve ficar somente em casa, a escola, como um dos principais
formadores de caráter e de opinião da criança, deve incentivar e demonstrar o
quão é importante. Portanto, fica claro
que essa prática, quando bem trabalhada, contribui de forma significativa e
produtiva para a construção da aprendizagem das crianças dos anos iniciais.
Sabe-se
que quando a criança é estimulada a ouvir histórias, ela encontra facilidade no
desenvolvimento da fala, familiarizando-se com os textos, descobrindo o mundo
da fantasia e da imaginação. Nos dias em que nos encontramos hoje, no qual a
sociedade necessita de mais conhecimento, mas ao mesmo tempo agilidade,
criatividade e coerência na fala, destaca-se aquele que tem mais conhecimento,
e consequentemente é aquele lê.
2 FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
2.1 A RELEVÂNCIA DA ESCOLA NA FORMAÇÃO DA FALA DO ALUNO
Que a
escola é o principal ambiente de aprendizagem das
crianças, isto já sabemos, mas será que nós educadores sabemos aprimorar e
desenvolver todas as potencialidades dos nossos alunos?
Hoje
quando falamos em séries inicias, nos remetemos a duas disciplinas e assuntos
específicos delas, português e matemática. Em
português a escrita e na matemática suas operações, infelizmente acabamos
deixando de lado assuntos de grande relevância, tais como a resolução de
problemas, que observando, percebemos o grande déficit de interpretação dos
alunos do fundamental II e o primordial, a fala.
Os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1997, p.38) nos afirmam que:
Não é papel da escola ensinar o aluno a falar: isso é
algo que a criança aprende muito antes da idade escolar. Talvez por isso, a
escola não tenha tomado para si a tarefa de ensinar quaisquer usos e formas da
língua oral. Quando o fez, foi de maneira inadequada: tentou corrigir a fala
“errada” dos alunos — por não ser coincidente com a variedade linguística de
prestígio social —, com a esperança de evitar que escrevessem errado. Reforçou
assim o preconceito contra aqueles que falam diferente da variedade prestigiada.
Como nos mostra o PCN, o trabalho de
linguagem oral está inserido em sala de aula, é trabalhado, mas de forma
fragmentada e algumas vezes de forma errônea, não devemos demonstrar
preconceito com as variações linguísticas que encontramos em sala de aula,
devemos trabalhar com todas elas, e mostrar como é falada a linguagem formal,
até porque quando redigimos um texto, independente da região, ele é escrito em
uma linguagem formal.
Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(1997 p.38) ressalvam que “Eleger a língua oral como conteúdo escolar exige o
planejamento da ação pedagógica de forma a garantir, na sala de aula,
atividades sistemáticas de fala, escuta e reflexão sobre a língua”.
Uma prática de linguagem oral em sala é a contação de
história, que hoje é pouco utilizada após a educação infantil, neste período da
educação infantil, as histórias tem espaço todos os dias na rotina dos alunos,
onde a professora conta, após a contação eles conversam sobre a história, assim
a professora vai trabalhando a oralidade. Passando para o primeiro ano, esta
prática vai desaparecendo até o momento em que não está mais presente.
De acordo com Cagliari (1989), a
prática da leitura não pode ser deixada em segundo plano na sala de aula e na
vida, sendo uma atividade em que a professora e a escola dedicam-se apenas
poucos minutos, dando maior atenção a dificuldades da escrita. Considera-se
isso um descaso pela leitura e suas atividades, pois é lendo que o aluno
aprimora e desenvolve sua fala e consequentemente sua escrita.
De acordo com o PCN (1997 p.
40):
O trabalho com linguagem oral deve acontecer no interior
de atividades significativas: seminários, dramatização de textos teatrais,
simulação de programas de rádio e televisão, de discursos políticos e de outros
usos públicos da língua oral. Só em atividades desse tipo é possível dar
sentido e função ao trabalho com aspectos como entonação, dicção, gesto e
postura que, no caso da linguagem oral, têm papel complementar para conferir
sentido aos textos.
O mundo
da literatura é uma fonte na geração de conhecimento, na expansão de percepção
do mundo, possibilitando à criança o desenvolvimento pessoal, a imaginação, a
criatividade, despertando a curiosidade e o desejo pela leitura de forma
prazerosa.
Um dos maiores benefícios da
contação de história sendo ela contada pela professora ou lida pelo próprio
aluno, é a fala. Este é um tema que causa certa repulsa dos alunos, pois muitos
deles têm receio de falar em publico, apresentar trabalhos, etc.
Os Parâmetros Curriculares
Nacionais (1997 p.38) afirmam que,
Expressar-se oralmente é algo que requer confiança em si
mesmo. Isso se conquista em ambientes favoráveis à manifestação do que se
pensa, do que se sente, do que se é. Assim, o desenvolvimento da capacidade de
expressão oral do aluno depende consideravelmente de a escola constituir-se num
ambiente que respeite e acolha a vez e a voz, a diferença e a diversidade. Mas,
sobretudo, depende de a escola ensinar-lhe os usos da língua adequados a
diferentes situações comunicativas. De nada adianta aceitar o aluno como ele é,
mas não lhe oferecer instrumentos para enfrentar situações em que não será
aceito se reproduzir as formas de expressão próprias de sua comunidade. É
preciso, portanto, ensinar-lhe a utilizar adequadamente a linguagem em
instâncias públicas, a fazer uso da língua oral de forma cada vez mais
competente.
É importante que o professor dê espaço em sala de aula,
para que os alunos possam se expressar, falar suas ideias, compartilhar suas
vivências, assim o aluno compreenderá que também tem voz e vez em sala.
Os
Parâmetros Curriculares Nacionais (1997 p.39) nos mostra que:
Não
basta deixar que as crianças falem; apenas o falar cotidiano e a exposição ao
falar alheio não garantem a aprendizagem necessária. É preciso que as atividades
de uso e as de reflexão sobre a língua oral estejam contextualizadas em
projetos de estudo, quer sejam da área de Língua Portuguesa, quer sejam das
demais áreas do conhecimento. A linguagem tem um importante papel no processo
de ensino, pois atravessa todas as áreas do conhecimento, mas o contrário
também vale: as atividades relacionadas às diferentes áreas são, por sua vez,
fundamentais para a realização de aprendizagens de natureza linguística.
É papel do professor criar situações
para que seus alunos aprimorem e desenvolvam sua fala.
2.2 CONTEXTO HISTÓRICO DAS HISTÓRIAS
As
crianças, há alguns séculos, atrás eram considerados mini adultos, participavam
de festas, decisões políticas e até se vestiam como adultos, não tinham o
momento de brincar, de ouvir histórias como temos hoje. Após as reorganizações
dos grupos familiares, a criança começou a ser valorizada e vista como tal.
“Começa a ser considerado um ser diferente do
adulto, com necessidades e características próprias, pelo que deveria
diferenciar-se da vida dos mais velhos e receber uma educação especial, que a
preparasse para a vida adulta”. (CUNHA, 1991, p.22)
Como consequência destas
inúmeras mudanças, a mãe que antes ficava em casa, teve necessidade de ir
trabalhar fora e não tinha onde deixar os filhos, aqui surgiram os jardins de
infância, inicialmente era só um lugar onde as mães deixavam seus filhos para
irem trabalhar, após alguns anos concretizou-se o real objetivo dos jardins de
infância, a aprendizagem, o desenvolvimento, a interação social, o lúdico, etc.
Corroborando ( MATTOS,
2009,
p.15) ,
A literatura infantil foi se tornando universal ao mesmo
tempo em que foram surgindo vários representantes que assumiram a escrita
infantil e propuseram diferentes obras. Entre eles os autores mais importantes,
podemos citar: Andersen, Carlo Colodi, Amicis, Lewis Carroll, J.M.Barrie, Marki
Twain, Charles Dickens, Ferenc Molnar. Estes autores difundiram uma divulgação
da literatura infantil por muitos países e o Brasil não se eximiu desta nova
realidade. No Brasil, não sendo diferente, teve a literatura infantil voltado a
obras pedagógicas, sendo estas adaptações de produções portuguesas. Neste país
a verdadeira literatura infantil brasileira foi representada por Monteiro
Lobato que introduziu uma essência que a literatura infantil precisava em seu
surgimento.
Analisando,
percebemos que as histórias já estão inseridas em nosso meio desde muito tempo,
só hoje ela tem o seu real significado, e não somente a contação para aprender
a ler, mas sim também aprender a falar.
2.3 PORQUE CONTAR HISTÓRIAS
PARA CRIANÇAS?
No
momento histórico onde nos encontramos hoje, a maioria das crianças não brincam
mais nas ruas, não tomam mais banhos de chuvas, não tem mais o lúdico na
vivência do seu dia a dia, por isso a extrema necessidade da contação de
história na rotina das crianças.
De
acordo com PINTO, Fernanda Chequer
de A. (2015):
A história tem também a
função social, e a contextualização do indivíduo no seu tempo e ambiente, com
os valores do seu agrupamento, tendo como base a evolução dos espaços,
indivíduos e da sociedade. A criança que ouve histórias, comprovadamente se
tornará um adulto mais criativo, flexível e melhor preparado emocionalmente,
despertando processos internos de compreensão e adaptação. Além disso,
quem lê para uma criança não lhe transmite apenas o conteúdo da história,
promovendo seu encontro com a leitura, possibilita-lhe adquirir um modelo de
leitor e desenvolve nela o prazer de ler e o sentido de valor pelo livro.
A
literatura infantil dialoga com todas as áreas que oportunizam aprendizado:
artes, valores, educação, imaginação, criatividade, escuta, contato com as
palavras, compreensão, interpretações, e a fala que ganha uma entonação
diferente quando é lido um poema ou uma narrativa, e a aprimoração dela mesma.
Refere MATEUS, Ana do Nascimento Biluca et al., (S/D p. 55)
De acordo com vários estudiosos, a contação de histórias
é um precioso auxílio à prática pedagógica de professores na Educação Infantil
e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. A contação de história instiga a
imaginação, a criatividade, a oralidade, incentiva o gosto pela leitura,
contribui na formação da personalidade da criança envolvendo o social e o
afetivo.
Como
vimos, a contação de história é um instrumento de aprendizagem onde o lúdico
está presente em todo processo, tornando a aprendizagem muito mais significativa.
Resgatando os princípios de MATEUS,
Ana do Nascimento Biluca et al., (S/D
p. 56)
Por isso, contar histórias é saber criar um ambiente de
encantamento, suspense, surpresa e emoção, no qual o enredo e os personagens
ganham vida, transformando tanto o narrador como o ouvinte. O ato de contar
histórias deve impregnar todos os sentidos, tocando o coração e enriquecendo a
leitura de mundo na trajetória de cada um.
O
momento da contação de história na educação infantil é um dos mais esperados, e
nas series iniciais mais ainda, pois é algo que não ocorre no dia a dia. Como
já citado acima a contação de história traz inúmeros benéficos na aprendizagem
do aluno, assim necessitando de uma organização e preparação do professor
(mediador).
3.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Sabe-se
que a linguagem oral é algo que adquirimos antes mesmo de irmos à escola, mas
isto não nos diz que não há necessidade de trabalha-la em sala. Há diversas formas de se trabalhar a linguagem
oral em sala de aula de forma lúdica e diferenciada. A contação de história,
por exemplo, é algo que pode ser trabalhado todos os dias, alguns dias somente
a contação, outro dia uma conversação sobre a mesma, seminários, etc.
A
fala da criança é reflexo dos estímulos da família e da escola, pois é papel da
escola fazer com que a criança consiga se expressar oralmente e falar de forma
clara e objetiva, pois também não basta apenas impressionar com palavras, o
aluno tem que ter clareza e coerência em sua fala. O incentivo à participação
em debates em sala, apresentações de trabalhos de forma menos “engessada”, mais
descontraída.
Por
fim, conclua-se que a escola necessita de uma pedagogia oral. É necessário que
os professores excitem a oralidade de seus alunos. Este exercício contribuirá
para futuros cidadãos de voz ativa e com a capacidade de expressar-se.
4. REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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curriculares nacionais: Lingua Portuguesa/Secretaria da educação
fundamental. Rio de Janeiro: DP&A, 1997.
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Scipione, 1989.
CAMPOS, Maria Inês
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COELHO, Nelly Novaes. Literatura infantil: teoria, análise,
didática. São Paulo: Moderna, 2000.
CUNHA, Maria Antonieta
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Prática. 12 ed. São Paulo. Ática, 1991.
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ed. São Paulo: Cortez, 2012.
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MATEUS, Ana do Nascimento Biluca. A
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MATTOS
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PINTO, Fernanda
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RATIER,
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Acesso em: 21 mai. 2013.
SOARES, Magda. Alfabetização e letramento. São Paulo:
Contexto, 2013.
[1]
Acadêmica do 6º período do curso de Licenciatura em Pedagogia do Instituto de
Ensino Superior Santo Antonio – INESA.
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