A LEITURA ERUDITA, UM
RARO PRAZER PARA POUCOS ALUNOS
Murilo Inacio Dos Santos[1]
RESUMO
O
foco deste artigo é demonstrar a excelência do prazer do ato de ler. Mormente, conscientizar
os alunos em sala de aula e fora dela à tênue relação com o processo de
aprender a ler corretamente.
Fundamentada
nas teorias de Bakhtin e Vygotsky, o cotejo desta importante tarefa e sua
pertinência para ressaltar o resultado positivo que a define através da
aquisição da leitura sob a forma de letramento e não apenas, mera alfabetização.
A apropriação do letramento funciona como defesa e salvo- conduto, capaz de
promover a autonomia do sujeito(aluno/a). A priori, deve-se considerar os
aspectos socioculturais que o circundam dentro e fora do contexto escolar.Reconhecer
a função da escola e do professor(a) como mediadores imprescindíveis nesse
processo, cuja responsabilidade é evitar o fracasso escolar do aluno(a). Por
conseguinte, o referido fiasco no aprendizado escolar, torna o aluno(a) vulnerável
a toda sorte de intempéries e escassez relativa à leitura erudita.
Palavras-chave: Gêneros, Leitura, ensino-Aprendizagem,
Função da Escola
1. INTRODUÇÃO
Pressupõe-se
que o ensino efetivo da língua portuguesa com efeito à educação em geral, deva
buscar novos modelos, no que tange ao exercício da leitura.
Entretanto,
admite-se que por vezes alguns professores(as) durante suas práxis em sala de
aula, demonstram dificuldades para explicar e fazerem uso dos diferentes
gêneros textuais. É notável que um desses motivos é a contumácia da cultura
escolar que enfatizar a teoria, em detrimento à prática. Persiste quanto ao
porquê das coisas, e despreza o como fazê-las.
Essa
ausência de didática aplicável à prática dodiscente em favor do exercício de como
fazer, sobretudo, o porquê, e para que fazer, causa angústia e desapontamento
aos docentes. Uma situação paradoxal, na qual surge os conflitos de interesses,
em detrimento ao alunado, os quais por vezes realizam o exercício da leitura
deficitariamente, ou seja, não entendem, não interpretam, tampouco fazem
abstrações da leitura.
Outrossim,
no que alude à metodologia recorrente, a qual utiliza como pretexto o uso da
gramática normativa como principal dispositivo para os conteúdos de
aprendizagem, tal método relega aos alunos a verdadeira aquisição do
aprendizado e da formação. Dessa maneira, a importância da linguagem perde seus
legítimos sentidos à fruição do sujeito(aluno), para que a partir da leitura, o
aluno possa adquirir consciência e criticidade a respeito de si mesmo, e de seu
entorno e do mundo, através da leitura. Por essas razões, esse artigo objetiva
demonstrar a relevância do gênero leitura em favor do aluno no âmbito escolar.
Mormente, na fase do ensino fundamental e médio.
Visto
que, o ensino da Língua Portuguesa não deve desvincular-se do contexto sócio-histórico
do aluno.
Pressupõe-se
que em despeito ao desenvolvimento do aprendente, a cultura escolar, por vezes
enfoca as regras gramaticais. Dessa maneira, evidencia-se um certo prejuízo. Quando
a incumbência premente da escola é conquistar e preparar o aluno ao universo da
leitura. Não deixando estanques as interações referente à adversidade textual e
contextual que existe fora da escola, a qual serve como referencial somado ao abundante
repertório, o qual deve ser adotado como suporte às atividades pedagógicas
dentro do âmbito escolar.
Diminuem-se
os leitores fortes (extensivos ou intensivos) enquanto aumentam os leitores
fracos ou precários, que face aos “livros de adultos”, sentem-se que perdem
tempo, mantêm imóveis o corpo, “como uma forma de morte”. (Goazou in CANCLINI, 2006, p.58).
Atrair
os alunos ao universo da leitura, pressupõe uma tarefa difícil, visto que a
escola não reproduz textualmente os temas sociais textuais que a circundam, nem,
além e aquém dela. Ademais, os gêneros abordados na escola, comumente são
advindos dos livros didáticos, os quais nem sempre contemplam e nem promovem o cotejo por parte do aluno.
Logo, não o desperta acerca da natureza discursiva da linguagem da leitura.
Face
a tudo isso, as atividades pedagógicas tornam-se artificiais à evidência de
questões gramaticais redundantes e desinteressantes, às quais os alunos veem-se
frustrados, sobretudo, quanto a ementa pedagógica e à escola.
Assim,
é mister que os professores auxiliem seus alunos(as) para que estabeleçam
vínculo efetivo e afetivo entre a verdadeira funcionalidade da linguagem da
leitura em seu cotidiano, e dela inferir bons resultados. Não obstante a isso, o
processo de desenvolvimento dos alunos não está restrito apenas à sala de aula.
2 . FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
2.1 A DEFINIÇÃO DE LEITURA
A
leitura é uma atividade dependente da escrita. Pode-se dizer que: a leitura é
função da escrita, assim, quem escreve deve sobremaneira, saber ler, e fazer-se
entender. A leitura é uma habilidade que precede a escrita.
Além
de portar um valor técnico à alfabetização, a leitura é ainda uma fonte de
prazer. Para isso, a leitura deve desvelar as características fonéticas da fala
portuguesa.
A leitura é um processo no qual o
leitor realiza um trabalho ativo de construção do significado do texto, a
partir dos seus objetivos, do seu conhecimento sobre o assunto, sobre o autor,
de tudo que sabe sobre a língua: características do gênero, do portador, do
sistema de escrita, dentre outros. Não se trata simplesmente de extrair
informação da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra por palavra.
Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente, compreensão na qual os
sentidos começam a ser construídos antes da leitura propriamente dita. (PCN,
1997, p. 36 ou 53).
Destarte,
qualquer pessoa erudita, comprovará que ler, perpassa o processo de decodificação
das letras. Uma leitura fluente requer algumas habilidades do leitor, a saber:
seleção, antecipação, inferência e verificação. Senão, o ato da leitura
perfeita, tornar-se-á impraticável. É através desses dispositivos aplicáveis à
leitura, que o aluno(leitor), deleita-se no prazer em descobrir os interditos
encrustados na leitura, onde infere do texto as comprovações de seus
pressupostos.
2.2 A LEITURA E A ESCOLA
Por
força da cultura, a escola privilegia a escrita em detrimento à leitura, embora
esse espaço escolar, esteja ciente de que leitura e escrita caminham em paralelo.
O
privilégio da escrita sobre a leitura na escola se deve a essa maior facilidade
de avaliação escolar excludente. No mundo em que vivemos, é muito mais
importante ler do que escrever. Nem sempre as pessoas alfabetizadas não
escrevem, todavia, leem. Como enfatiza Cagliari (2007p.172) “Na escola a
leitura serve não apenas para se aprender a ler, como para aprender outras
coisas, lendo”. Vê-se portanto que a escola desdenha o processo e a ação
efetiva da leitura em sala de aula.
2.3 LEITURA E CULTURA
Eis
aqui, uma polêmica temática, inicialmente, há um impasse entre a leitura e a
cultura. Entretanto, é a cultura que corrobora com a leitura em seu sentido
amplo.
Daí,
será menos proveitoso conhecer qualquer gênero cultural, sem que não seja através
da leitura desta. Vale lembrar que a leitura varia de acordo com o gênero
textual. Cagliari (2007, p.174) “A escola deve acompanhar a evolução do mundo,
mas, ela é também uma guardiã da tradição”.
2.4 O MANUAL DE INSTRUÇÃO SOB A ÓTICA DA ESCOLA
O
motor propulsor à realização dessa temática, e a razão principal de seu
desenvolvimento, é reconhecer a suma importância do domínio da leitura prévia e
a interpretação do gênero, manual de instruções em benefício do processo de
aperfeiçoamento quanto às técnicas de manuseio, reparo e montagem de
equipamentos, às quais depende do domínio do entendimento e de suas
recomendações.
A
atividade árida e tortuosa de decifração de palavras que é chamada de leitura
em sala de aula, não tem nada a ver com a atividade prazerosa descrita por
Bellenger. E, de fato, não é leitura, por mais que esteja legitimada pela
tradição escolar. De acordo com Bellenger (2013, apud KLEIMAN).
O
manual de instruções, depende do público alvo ao qual se destina e, pode apresentar-se
simples, ou complexo.
Percebe-se
que o manual de instrução pertence ao gênero informativo orientador e a falta
de observância demonstra não conformidade.
Embora,
esse recurso possua às vezes contexto definido e requeira pessoal qualificado
em função de sua linguagem e termos técnicos específicos, não à toa, vermos
tais livretos serem lidos interpretados e manuseados por pessoal descontextualizado
e adverso, principalmente sua utilização estendida à utilização de outros fins.
Dada
à sua linguagem simplificada por conta de legendas simples pictográficas, entre
outras, e com o fito de facilitar a compreensão dum maior público consumidor,
alguns incultos. Mormente, o consumidor doméstico.
Por
conta de falta de uma boa leitura, pode decorrer falhas nos equipamentos,
incidentes, acidentes recorrentes às pessoas envolvidas na ação e adjacentes. “O
ensino das estratégias de leitura ajuda o estudante a aplicar seu conhecimento
prévio, a realizar inferências para interpretar o texto e a identificar e
esclarecer o que não entende.” (SOLÉ,1992)
Vê-se
portanto, que por mais simples que seja qualquer gênero de literatura técnica, nesta
se inclui o manual de instrução ou, outro de qualquer gênero afim, a leitura
erudita, serve para nortear o operador, em direção a perfeita utilização. Disso
depende uma prévia leitura compreensiva- reflexiva, e mediada por um professor
ou qualquer outra pessoa devidamente qualificada. Como diz Solé (1992) “Afinal, são os docentes
que de fato contribuem para a melhoria da aprendizagem da leitura.”
Quando
o manual de instrução é mais complexo e elaborado, face às funções a que a
engenhoca se destina, o pessoal envolvido para realizar determinada tarefa
técnica, deve ser extremamente qualificado e conscientizado quanto às
prerrogativas de seguir à risca as orientações do fabricante do produto.
Para
que lhe seja salvaguardados direitos de defesa, em casos de falhas do
equipamento por consequências de erros advindos do fabricante, ou de outrem. Em
exemplo: a indústria aeronáutica e aeroespacial.
Esse
pressupostos justifica-se por si mesmo, uma vez que, tais procedimentos acima
descritos, reforçam os princípios quanto a confiabilidade e legitimidade da
tecnologia e da indústria moderna para soluções afins, sob o olhar da ética.
Os
gêneros textuais são infinitos, e sua presença no cotidiano escolar é
constante. Assim sendo, é de suma importância que os professores(as)
intervenham na ação efetiva da leitura reflexiva em sala de aula com seus alunos
mesmo sem que eles não se apercebam disso. O manual de instrução, faz-se
presente nos diversos contextos. Entretanto, é na sala de aula que alguns
professores têm dificuldade de levar adiante a explanação desse gênero
literário frente aos alunos. Por consequência de suas vicissitudes.
O
gênero instrucional é bastante utilizado em nossa sociedade, mormente, à sua
aplicabilidade no âmbito diversificado. Por conta da finalidade a que se
destina. O seu grau de complexidade varia em muito, no que requer do operador,
melhor deprendimento, teórico e prático.
Exemplo:
quando necessita-se a instrução de como trocar a lâmpada da geladeira, até a
complexa tarefa de substituir um motor de uma aeronave de grande porte, dentre
outras tarefas correlatas técnicas pertinentes.
O
manual de instrução, pertence ao gênero literário secundário difere aos demais
gêneros. O referido manual valoriza sobretudo a prática, não em detrimento à
teoria, visto que é um gênero específico cuja finalidade é orientar, instruir,
ordenar procedimentos e tarefas técnicas previamente testadas e definidas com
respaldos do fabricante.
Eis porque, sua linguagem é
usualmente utilizada com o verbo no modo imperativo, no que remete à uma ação
sugestiva, mandatória, não obrigatória.
Ademais, como se trata de um gênero
que abrange o fazer e a responsabilidade técnica, à qual compromete a imagem do
fabricante, o manual de instrução por vezes fica salvaguardado por leis
específicas e pertinentes à área técnica, sobretudo, subordinada a um órgão governamental,
em exemplo no Brasil, a ABNT- Associação Brasileira de Normas Técnicas.
Percebe-se
que o gênero textual, manual de instrução, nem sempre se insere no campo da
observação da maioria do alunado e, das pessoas em geral. Haja vista que, se determinada pessoa
não pertencer à classe técnica e, em seu cotidiano laboral costumeiro, ela não
fizer uso de algum tipo de manual de instrução por força da profissão, ou até
mesmo por exigência da empresa na qual ela trabalha, ou de alguma outra
necessidade, dificilmente essa pessoa demonstrará maestria no manuseio de algum
manual de instrução ou de qualquer outra literatura similar em proveito à interpretação
do manual instrucional, em sua área de atuação profissional específica, ou fora
dela. Principalmente se ela não for devidamente letrada.
O
manual de instrução, dependendo de sua especificidade e grau técnico avançado,
diferencia-se dos demais por requerer do pessoal técnico, um repertório
abundante de palavras, conexões interpretativas muito apropriadas à atividade
laboral a que ele se predispõe em realizar com eficácia.
Por
conseguinte, para que o aluno adquira o perfeito hábito e o domínio necessário
da ação de ler gêneros literais diversos, necessita ser orientado e
contextualizado no ambiente da leitura. Para que consiga através de muito
exercício da referida, discernir as diferenças e os procedimentos aplicáveis às
tarefas de ler a si mesmo, tudo que está ao seu alcance e o mundo, composto de
todas as suas armadilhas nefastas, ou, fruir de suas prerrogativas. Disso
decorre a escuta perceptiva e mediada do professo(a). Haja vista que escutar
também é ler.
Os
manuais de instrução possuem várias características, extensão e complexidade.
São impressos na forma de folheto, ou pequeno livro, ou ainda em forma de vídeo
e tutoriais. Variam de acordo com a complexidade do material a ser usado,
mantido, desmontado ou montado.
São os gêneros e sua
historicidade que ampliam o caráter local das interações, devido a sua
variedade, enorme e praticamente inesgotável, porque a Possibilidade de
atividades humanas seria inesgotável ―e cada esfera dessa atividade comporta um
repertório de gêneros do discurso que vai diferenciando-se e ampliando-se à
medida que a própria esfera se desenvolve e fica mais complexa (BAKHTIN, 1997,
p. 279).
Trata-se
de um gênero cuja finalidade é instruir à tarefa de montagem de um determinado
objeto, aparelho, brinquedo, dentre outros. Cumpre uma importante função
social. Indicando o passo a passo de um processo de uso, montagem ou
instalação. A maioria dos manuais usam palavras, números, desenhos e recursos
gráficos para explicar algo. Desse modo, a leitura do manual de instrução
implica na compreensão entre o texto verbal, escrito e o visual.
A
correlação entre o desenho e o objeto representado é fundamental para a compreensão
da instrução, seguida da sequência indicada para a utilização do
objeto/equipamento ou montagem.
3.
CONSIDERAÇÕES FINAS
Não
obstante ao exposto neste artigo e elencados por alguns teóricos especialistas
na área da temática leitura, tal assunto não exaure apenas com as apresentações
e colocações ora descritas. O legado desses autores transformam-se em fulcro
para que se possa avançar à novas pesquisas, a qual estimula e valoriza uma
nova reflexão a respeito da leitura holística, consciente e reflexiva por parte
do aluno.
Vale
ressaltar que o empenho para se evitar o fracasso à vida escolar e cotidiana do
aluno em seu presente momento e ao longo de sua vida, é válido e compensador.
Principalmente, no caso de uma má formação acadêmica quanto a leitura erudita.
A leitura uma atividade que deve envolver a família do aluno, o professor(a), o
governo e a sociedade como parte integrante. Visto que, disso depende um trabalho
de mediação da leitura efetiva, afetiva e constante.
4.
REFERÊNCIAS
BRASIL.
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros
Curriculares Nacionais para o ensino médio: linguagens, códigos e suas
tecnologias. Brasília, DF: MEC, 1997.
CAGLIARI,
Luiz Carlos. Alfabetização &
Linguística. 10 edição, Scipione São Paulo-SP, 2007.
CANCLINI,
Nestor Garcia. Leitores, Especuladores e
Internautas. Iluminuras São Paulo-SP, 2008.
DALMÔNICO,
Vilde Luzia; Reginaldo José; PEZZI, Marcelo Rodrigo.
Guia
Acadêmico. Edição Revisada. 2013. INESA. Joinville-SC
KLEIMAN,
Angela. Oficina de leitura- teoria e
prática. 15 edição, Campinas, São Paulo, Pontes Editores, 2013.
[1] Murilo Inacio Dos Santos, Acadêmico do Curso
de Licenciatura em Pedagogia do Instituto de Ensino Superior Santo Antônio –
INESA – Joinville - SC
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